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Técnica auditiva ajuda a identificar espécies de anfíbios


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27/09/2016 - 09h27min STE / Fotos Divulgação/STE Corrigir

Os animais podem até não dominar técnicas avançadas de linguagem como os seres humanos, mas eles também possuem seus meios de comunicação. Seja através de sons ou gestos, cada espécie utiliza códigos próprios para transmitir recados que vão desde a defesa de territórios até a atração do sexo oposto. Munida deste conhecimento, a equipe de Gestão Ambiental (STE S.A.) das obras de duplicação da BR-116/RS – Guaíba a Pelotas – utiliza técnicas de escuta para identificar determinadas espécies durante as atividades do Programa de Monitoramento da Fauna e Bioindicadores.

A cada três meses, o monitoramento de anfíbios é realizado em 12 áreas interceptadas pela rodovia, contemplando zonas úmidas próximas a matas ciliares, plantações de arroz e silvicultura (cultivo de árvores). Em cada ponto são desprendidos 30 minutos em busca ativa e auditiva. Por meio desta última, registra-se a atividade de vocalização dos anuros (sapos, rãs e pererecas) visando identificar a espécie e, a partir de um índice de intensidade, calcular o número de indivíduos presentes. “Alguns animais são difíceis de encontrar, mas eu sei qual espécie é se estiver vocalizando e consigo estimar o tamanho do grupo”, explica a bióloga Fernanda Rosa. As amostragens ocorrem ao anoitecer, período de maior atividade dos anfíbios. “Isso ocorre porque diminui os riscos de perdas hídricas através da pele, além de ser mais fácil para eles se esconderem de predadores.”

Treinar o ouvido para identificar uma gama variada de espécies exige muito estudo e dedicação. Fernanda começou em 2008 e desde então vem especializando-se para o uso da técnica. “Aprendo sempre, continuo me atualizando, mantenho contato com outros herpetólogos e sempre procuro bibliografia nova, principalmente para região em que está inserida a BR-116/RS.” Ela conta que recentemente gravou uma vocalização até então inédita na rodovia. Demorou dois meses para identificar a rã Physalaemus henselii, que, segundo a bióloga, é rara no Rio Grande do Sul. “Uma das maiores dificuldades é que dentro de um mesmo gênero de anfíbios, as espécies podem emitir vocalizações similares, mas com o tempo e o treino essa dificuldade diminui”, avalia. Já a principal vantagem é justamente não depender da visualização dos animais para saber de qual espécie se trata.

E o que será que cada vocalização significa? A especialista dá algumas pistas. Fernanda explica que existe o canto de anúncio, que é emitido pelos machos e está relacionado, principalmente, à atração de fêmeas. “Mas também pode servir para defender um território quando um segundo macho vocaliza ou se aproxima.” O canto de resposta, por sua vez, ocorre quando uma fêmea eventualmente responde ao canto de anúncio – o que é raro. Já o canto de liberação é emitido por um macho que está em amplexo (posição de acasalamento) com outro macho, o que pode ocorrer quando há muita densidade em um mesmo corpo d’água, por exemplo. E há ainda o pedido de ajuda, quando as fêmeas emitem um grito alto ao serem capturadas por um predador.

Das 25 espécies registradas em atividade de vocalização na BR-116/RS, desde 2012, as mais comuns são a perereca-do-banhado (Hypsiboas pulchellus), registrada vocalizando 280 vezes, independente da intensidade de vocalização, e a pererequinha-do-brejo (Dendropsophus sanborni), com 252 registros. “Estas são das poucas espécies que podem vocalizar nos meses frios também, o que poderia explicar esses números”, analisa a bióloga. O objetivo geral da equipe com este Programa é complementar o conhecimento da fauna da região do empreendimento a fim de propor medidas efetivas para seu manejo e conservação.

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