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Mark Zuckerberg é convocado para depor sobre escândalo de vazamento de dados


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20/03/2018 - 17h02min AFP / Foto: Josh Edelson / AFP Corrigir

O Facebook, maior rede social do planeta, navega por mares turbulentos. Mark Zuckerberg está pressionado e a empresa, a cada dia, perde bilhões na Bolsa de Valores dos Estados Unidos e vê a credibilidade se esvair. Uma investigação realizada pelos jornais “The New York Times” e “The Observer” (a edição dominical do jornal britânico “The Guardian”) revelou que a Cambridge Analytica (CA) – empresa de análise de dados que trabalhou com a equipe responsável pela campanha de Donald Trump nas eleições de 2016, nos Estados Unidos – usou dados de milhões de usuários de Facebook, sem seu consentimento. A companhia teria utilizado as informações para criar um programa destinado a prever e influenciar o voto dos eleitores.

Tão logo o escândalo estourou e ganhou proporção mundial, o Facebook suspendeu a CA ao descobrir que a empresa não havia destruído os dados de milhões de usuários. Na última segunda-feira, a Cambridge Analytica negou veementemente ter coletado sem consentimento as informações de 50 milhões de usuários para fins eleitorais. Zuckerberg ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.

Em razão disso, a Comissão de Informação britânica pediu nesta terça-feira uma ordem judicial para realizar uma operação de busca e apreensão na Cambridge Analytica. Além disso, solicitou que Mark Zuckerberg seja convocado para depor diante de uma comissão parlamentar. “Buscamos uma ordem judicial para que possamos entrar e inspecionar os servidores, fazer uma auditoria de dados. O fato de o Facebook estar lá nos preocupava”, declarou à BBC a presidente da Comissão de Informação (ICO) britânica, Elizabeth Denham.

A comissária Denham também pediu que o Facebook interrompa imediatamente sua própria auditoria da Cambridge Analytica para não atrapalhar o trabalho das autoridades. “O ICO quer saber se houve, ou não, o consentimento dos usuários para compartilhar os dados”.

A comissão entende que, até agora, as explicações oficiais apresentadas “subestimaram o risco” da aquisição de dados pessoais dos usuários sem seu consentimento. “Chegou o momento de escutar um alto executivo do Facebook com autoridade suficiente para explicar este grande fracasso”, disse Damien Collins, o deputado que preside o comitê, na convocatória dirigida a Zuckerberg.  A empresa ainda não se manifestou de forma oficial a respeito do escândalo e da convocação do fundador para depor. 

“O comitê perguntou insistentemente ao Facebook como as empresas adquirem e retêm informação dos usuários e, em particular, se pegam seus dados sem seu consentimento”, explicou Collins. A empresa precisa dar uma resposta ao pedido feito pela comissão, por meio de carta, até 26 de março.

União Europeia também pressiona o Facebook

A polêmica dos dados está na agenda de uma reunião dos responsáveis pela proteção dos dados em Bruxelas, informou a Comissão Europeia, que irá pedir “esclarecimentos” ao Facebook. “Convidamos Mark Zuckerberg ao Parlamento Europeu. O Facebook precisa esclarecer aos representantes dos 500 milhões de europeus o fato de que seus dados pessoais foram usados para manipular a democracia”, escreveu no Twitter o presidente do Parlamento, Europeu, Antonio Tajani.

Comissão dos EUA

No Estados Unidos, a pressão é semelhante. Preocupada com os rumos e o tamanho do escândaloa Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos abriu uma investigação sobre o uso de dados de usuários da rede social pela empresa de consultoria Cambridge Analytica. Zuckerberg poderá ter que pagar multas pesadas para o governo norte-americano. Pesa contra o Facebook que, em 2011, a empresa e a Comissão haviam chegado a um acordo para encerrar uma investigação segundo a qual o Facebook enganou usuários sobre a proteção de privacidade disponibilizadas no site.

Perdas bilionárias

Em virtude das denúncias, a fortuna de Mark Zuckerberg apresentou queda de US$ 5 bilhões em apenas 24 horas, de acordo com a revista americana Forbes. As ações da rede social estão apresentando forte declínio desde segunda-feira. Na manhã desta terça-feira, as ações do Facebook mantiveram o ritmo negativo do dia anterior, com uma queda de 2,8% às 11h45min (horário de Brasília).

“Se é de graça, você é o produto”

A pesquisadora Nathalie Devillier, especializada em proteção de dados, lembra que a rede social não vende os dados em si, mas o acesso aos usuários que o publicam, na maioria das vezes, sem ter lido detalhadamente as condições de utilização. “Não temos consciência de compartilhar tudo isso e, na realidade, as redes sociais nos conhecem melhor do que os nossos próprios pais”, diz Nathalie. Também é possível restringir esse acesso dos anunciantes nas configurações de sua conta no Facebook. É possível, por exemplo, responder “não” à pergunta “Deseja ver anúncios online segmentados do Facebook?”.

“O Facebook não vai procurar nada além do que você colocou na web. É o usuário que é responsável por isso”, explica o presidente do think tank liberal GénérationLibre, Gaspard Koenig. Ele defende que a lógica do mercado seja estendida, dando aos próprios usuários a oportunidade de venderem seus dados. Já a União Europeia escolheu outro caminho: o de maior proteção das informações pessoais, com a entrada em vigor, no final de maio, de uma regulamentação sobre o assunto.

Nathalie diz ainda que o Facebook aplica literalmente um slogan bem conhecido de todos os especialistas em marketing: “Se é de graça, você é o produto”. O “produto”, neste caso, são os dados que cada usuário fornece à rede social sempre que reage a várias publicações – via “curtidas”, ou emoticons – que ele mesmo publica, ou pesquisa.

Dados, um tesouro para anunciantes

“Os dados são o petróleo de hoje. Têm muito valor, mas, se não forem refinados, não podem ser usados”: esta citação atribuída ao matemático britânico Clive Humby em 2006 explica perfeitamente o modelo econômico do Facebook. Ao “refinar” uma matéria-prima – bilhões de publicações, fotos, interações – o gigante da Califórnia permite que os anunciantes enviem anúncios chamados de “segmentados”. O grupo explica o procedimento em um site dedicado aos anunciantes. “Se você deseja anunciar para pessoas com base em idade, localização, hobby, ou outro, podemos ajudá-lo a entrar em contato com aqueles que provavelmente estão interessados em seus produtos, ou serviço”, informa. “Se você tem uma loja de sapatos, você pode, por exemplo, segmentar as pessoas que compraram sapatos recentemente”, diz o Facebook. 

Credibilidade da CA em xeque

O interesse nas atividades de Cambridge Analytica foi redobrado após uma reportagem, na qual os diretores ofereciam a um jornalista, que se fez passar por cliente potencial, a possibilidade de desacreditar seus rivais políticos envolvendo-os com prostitutas, ou subornos, por exemplo. Os diretores explicavam algumas técnicas para manipular a opinião pública, como lançar calúnias contra os candidatos: “coisas que não precisam ser necessariamente verdade”, disse o presidente da companhia, Alexander Nix, ao jornalista. Questionado pelo “The Times”, Alexander Nix negou ter tentado criar armadilhas para políticos e defendeu a moralidade de sua empresa: “Trabalhamos apenas para os partidos políticos tradicionais em eleições livres e justas, em democracias livres e justas e estamos orgulhosos do trabalho que fazemos”. Nix também indicou que estudaria sua saída, caso seja solicitada pelo conselho administrativo da companhia. Em um comunicado, a CA afirmou que a reportagem foi “editada para distorcer grosseiramente a natureza dessas conversas e a forma como a empresa conduz seus negócios”.

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